sábado, 8 de setembro de 2012

Orfeu e Eurídice



Orfeu

Orfeu é uma das figuras mais conhecidas da mitologia grega e foi o poeta e o músico mais famoso de sua época. Ele foi um dos tripulantes do navio Argo em busca do Velocino de Ouro (como foi citado na estória de Jasão) e sua música evitou que as sereias enfeitiçassem os Argonautas.
 Para alguns, ele era filho do deus Apolo, por causa de sua beleza e poesia. Na verdade, ele era filho do rei trácio Eagro e de Calíope, uma das nove Musas. Apolo fez dele seu protegido e lhe deu a sua lira e as nove sacerdotizas de Zeus o ensinaram a tocar. Suas músicas eram tão suaves que as feras o seguiam, tudo o que era inanimado ganhava vida e os homens mais coléricos se sentiam penetrados pela doçura e bondade. Mas a poesia de Orfeu não agradava a todos. O deus Dionísio, enciumado pela fama do poeta, o amaldiçoou com uma morte trágica.

Orfeu rodeado de animais

 Nessa época reinava nos bosques da Tessália, uma feiticeira perversa e muito poderosa: Aglaonice. Ela tinha horror a Orfeu, por ele cultuar Apolo, o deus-sol, pois era adoradora dos cultos sombrios da deusa da lua, Hécate. Ela ainda conduzia um bando de mulheres selvagens, as Mênades, que viviam nas florestas e eram seguidoras de Dionísio (ou Baco na mitologia romana).
 As Mênades (ou Bacantes na mitologia romana, originadas de Baco) eram ao mesmo tempo mágicas, sedutoras e sacrificadoras de vítimas humanas. Muitos homens desapareceram ao passarem desprevenidos pelo interior dos bosques onde elas habitavam. Primeiro, elas faziam eles de escravos, seduzindo com sua volúpia, depois os dominavam pelo terror.
 Ninguém conseguia explicar o tipo de mágica que atraía homens e mulheres para o interior dessa vegetação sombria em que elas moravam. O lugar era todo envolto sob uma névoa asfixiante, e a todo momento, sentiam-se baforadas de perfume como um hálito quente de desejo voraz. Depois ouviam-se gritos e cem bacantes rodeavam a vítima com suas lanças. Mas não era muito difícil de compreender a força que essas mulheres exerciam. Elas viviam semi-nuas com peles de leopardo e domesticavam panteras e leões, que faziam figurar nas suas festas. De noite, elas apareciam com serpentes enroladas no braço e dançavam lascivas, em volta da imagem de Hécate. E coitado do curioso que fosse espiar. Ele era dominado, esquartejado e oferecido em sacrifício.
 Muitas virgens eram conduzidas para esses lugares, levadas por um encanto, e lá chegando, eram corrompidas e convertidas ao culto de Baco. Foi uma dessas virgens que Orfeu salvou. Ela se chamava Eurídice e certo dia caminhava perto do bosque das Bacantes, atraída pelos sussurros e risadas que vinham de longe. Então ela se esgueirou para dentro da floresta, num misto de curiosidade e ansiedade. Orfeu, que passava por perto, se assustou com o vulto da jovem e correu em seu encalço. Eurídice caminhava determinada, como que atraída por um poder mágico. O poeta segurou ela pelo braço e perguntou o que fazia sozinha naquele lugar. Ela deu um grito de susto, como se estivesse acordado de um sonho, e caiu nos braços de Orfeu. Assim eles se conheceram e se apaixonaram. Contudo, seus destinos não incluíam a felicidade.

Orfeu e Eurídice

 Na noite de núpcias, eles caminhavam perto do rio Peneu e Eurídice se afastou para se banhar, quando viu um caçador, Aristeu, que a observava. Ela se assustou e saiu correndo. Sem querer, pisou numa cobra venenosa que lhe picou o calcanhar. Na verdade, a cobra estava ali sob o encanto de Aglaonice, que observava tudo através de um globo. Eurídice morreu instantaneamente e Orfeu, desesperado, decidiu ir até o reino de Hades, na esperança de reavê-la.
 Com sua música suave, ele conseguiu persuadir Caronte, o barqueiro, a conduzi-lo até o outro lado do rio Estige, para os portões do inferno. Fez com que o cão Cérbero se acalmasse, as Fúrias se aquietassem, as Moiras parassem de tecer o fio do destino e todos os deuses e divindades das profundezas se comovessem diante de seu sofrimento. Perséfone, num gesto de generosidade e comoção, consentiu que Orfeu levasse Eurídice de volta à terra, mas impôs uma condição: ouvisse o que ouvisse, ele não poderia olhar para trás, até que alcançassem a saída. Ele aceitou a imposição e Eurídice foi atrás dele por entre as obscuras passagens em direção à luz, guiados apenas por sua lira. Quando chegaram perto da saída, uma dúvida terrível lhe cruzou o espírito e pensou que poderia estar sendo enganado. Para se certificar, ele olhou para trás e viu Eurídice, mas logo em seguida sua amada se transformou numa sombra que se esvaiu, desta vez para sempre.
 Mergulhado na dor e na solidão, Orfeu optou por uma vida de pregações, se tornando um guia espiritual que alertava os trácios sobre os malefícios que os cultos sombrios à deusa Hécate e ao deus Baco poderiam trazer aos homens. Aproveitando-se da fragilidade do poeta, e para a alegria de Dionísio, Aglaonice fez com que as Bacantes alcançassem Orfeu nas proximidades da floresta onde ele descansava. Elas não só mataram ele, como o fizeram em pedaços. As Musas recolheram os restos mortais do poeta e enterraram ao pé do monte Olimpo, onde os pássaros cantavam a música mais doce do mundo. E sua lira voou para o céu, convertendo-se numa constelação.

Referências
http://mitogrego.zip.net


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